A sessão 5 teve como convidado Paulo Franchetti, professor na UNICAMP, editor (dirigiu por cerca de 10 anos a editora da sua universidade), ensaísta e poeta. Paulo elegeu, como livro a apresentar, o clássico de R. H. Blyth, Haiku. Eastern Culture, nunca editado em português, e falou da sua longa aprendizagem do Haikai (e do japonês), de que viria a resultar a importante antologia Haikai, editada em 1990, de sua autoria e de Elza Taeko Doi – mas também um livro como Oeste, todo ele preenchido por haikais da autoria de Franchetti. Falou-se, claro, da sua longa dedicação a Camilo Pessanha, patente na sua edição crítica da Clepsydra, e em tantos estudos sobre o autor, e na sua produção ensaística, desde a dedicação inicial à teoria da poesia concreta até ao interesse recorrente pelo romantismo brasileiro ou pela literatura portuguesa do século XIX, em particular.
Pela minha parte, apresentei o livro de Eduardo Galeano, As Veias Abertas da América Latina, recentemente editado pela Antígona, uma obra que desde a sua edição no início dos anos 70 se tornou numa referência da denúncia da história da “destruição dos povos das América”, bem como da luta contra a opressão e a dependência na América Latina. Pedi a Franchetti que lesse, a esse propósito, os “4 poemas mexicanos” que integram a sua coletânea de 2012, Deste lugar, já que os poemas abordam, em boa parte, o eco hoje possível das civilizações pré-colombianas. Paulo Franchetti manifestou, porém, a sua preferência pelo clássico de Manoel Bomfim, A América Latina. Males de Origem (1905), que apresentou como um livro escrito por um brasileiro antilusitano e, contudo, profundamente devedor do pensamento de Oliveira Martins. O livro integra a lista dos 10 livros (+ 1) fundamentais para conhecer o Brasil, na ótica de Antonio Candido.
Por fim, na secção dedicada a “Livros raros e usados” optei por falar e fazer o elogio da mais notável de todas as revistas editadas em Portugal, a SóClássicas. Registe-se que a sessão ocorreu, pela primeira vez, na praça exterior ao Salão Brazil, devido às exigências de montagem e Soundcheck do concerto dessa noite. No próximo dia 8 de julho terá lugar a sessão 6, com José Emílio-Nelson, a última desta temporada.