Livros & Companhia: sessão 5, com Paulo Franchetti

A sessão 5 teve como convidado Paulo Franchetti, professor na UNICAMP, editor (dirigiu por cerca de 10 anos a editora da sua universidade), ensaísta e poeta. Paulo elegeu, como livro a apresentar, o clássico de R. H. Blyth, Haiku. Eastern Culture, nunca editado em português, e falou da sua longa aprendizagem do Haikai (e do japonês), de que viria a resultar a importante antologia Haikai, editada em 1990, de sua autoria e de Elza Taeko Doi – mas também um livro como Oeste, todo ele preenchido por haikais da autoria de Franchetti. Falou-se, claro, da sua longa dedicação a Camilo Pessanha, patente na sua edição crítica da Clepsydra, e em tantos estudos sobre o autor, e na sua produção ensaística, desde a dedicação inicial à teoria da poesia concreta até ao interesse recorrente pelo romantismo brasileiro ou pela literatura portuguesa do século XIX, em particular. Continue reading


Livros & Companhia: sessão 4, com José Maria Vieira Mendes

Foto de João Duarte

A sessão 4 teve como convidado José Maria Vieira Mendes, dramaturgo, tradutor e agora ensaísta. O ‘agora’ reporta-se à recente edição do livro Uma coisa não é outra coisa (Livros Cotovia), sua tese de doutoramento, um livro que rima com o segundo volume da sua obra dramática, Uma coisa (Livros Cotovia), de edição também recente, volume que faz de José Maria Vieira Mendes o mais importante dramaturgo português da atualidade.

José Maria escolheu Undoing Gender, de Judith Butler, como livro da sua eleição, e relacionou as teses da autora com o seu trabalho no teatro e com a questão do género na cultura e política contemporâneas. Em seguida falámos longamente do seu ensaio, que no fundo defende uma posição algo intempestiva, na atual cena dos estudos teatrais: basicamente, o seu direito a ser lido como autor de “literatura dramática” e o direito a que os textos dramáticos sejam considerados como algo que não se destina apenas à cena (teatral) mas também à (cena da) leitura. Esta reivindicação, que a cultura dos estudos teatrais em Portugal facilmente recodifica em “conservadorismo”, depara-se, no caso de José Maria, com o problema da inserção do seu trabalho numa companhia tão experimental como o Teatro Praga. Continue reading


Livros & Companhia: sessão 3, com António Costa

A sessão 3 de Livros & Companhia teve António Costa como convidado. Com um trabalho já longo na Medeia Filmes e, com maior visibilidade, no Lisbon and Estoril Film Festival, António Costa integrou a Assírio & Alvim durante muitos anos e foi responsável pela programação cultural da Feira do Livro do Porto durante década e meia. António escolheu para a sessão o romance de Paul Bowles The Sheltering Sky (1954), em Portugal editado com o título O céu que nos protege (Assírio & Alvim, fora de mercado). Falou da sua descoberta do romance e da obra de Bowles, nos anos 80, da edição portuguesa e do seu encontro com Bowles em Tânger, do qual resultou uma entrevista memorável. Lemos excertos do livro e falámos do perfil de Bowles, o comunista, o músico, mas sobretudo o viajante, apoiando-nos noutros livros de Bowles, sobretudo as suas memórias, editadas em Portugal com o título Memórias de um Nómada.

Falámos depois da recente edição de Tenho cinco minutos para contar uma história, de Fernando Assis Pacheco (Tinta da China), um livro um tanto “caído do céu”, pelas particularidades que rodeiam a sua publicação, e do que faz a singularidade do autor na literatura portuguesa. Ouvimos um excerto de um programa de Mariana Oliveira na Antena 3, com João Pacheco, filho do escritor, e li uma inesquecível crónica sobre os sábados. Continue reading


Livros & Companhia: sessão 2, com Adriana Calcanhotto


A segunda sessão de Livros & Companhia, a 11 de março de 2017, teve como convidada Adriana Calcanhotto. Dentro do protocolo da sessão, Adriana elegeu A mulher que matou os peixes, de Clarice Lispector, e falou do impacto do livro na sua formação, em criança, lendo alguns excertos. Falámos em seguida de vários livros de Adriana, sobretudo as suas antologias: a Antologia Ilustrada da Poesia Brasileira para crianças de qualquer idade, a de Haicai do Brasil e a recentíssima É agora como nunca. Antologia incompleta da poesia brasileira contemporânea, entretanto publicada em Portugal, nos Livros Cotovia. Falou-se ainda de Saga Lusa, por razões (lusitanas) óbvias, e da também muito recente antologia, levada a cabo por Eucanaã Ferraz, das letras de Adriana, Para que é que serve uma canção como essa?, antologia da qual li o poema “Negros”, sobre o qual em seguida falámos.

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Livros & Companhia: sessão 1, com João Rui (A Jigsaw)

Livros & Companhia é uma sessão sobre livros que tem lugar no Salão Brazil, uma vez por mês, na qual converso com um convidado.

Na sessão 1, a 11 de fevereiro de 2017, o convidado foi João Rui, compositor e vocalista da banda A Jigsaw. João Rui escolheu, para a sessão, o livro Burning Bright, de um dos seus heróis literários, John Steinbeck. No meu caso, escolhi o livro de David Nolan, I Swear I Was There, sobre os dois lendários concertos dos Sex Pistols no Lesser Free Trade Hall, de Manchester, em 1976, que cruzei com as memórias do renegado Mark E. Smith, dos The Fall, ou as de Morrissey, e ainda a autobiografia de Miles Davis. Para a secção de “Livros Raros e Usados”, uma secção fixa das sessões, reservei As Dioptrias de Elisa, de António Gancho.

Uma boa surpresa chegou alguns dias depois, na forma de uma reação escrita à sessão, por Vitalino José Santos. Para ele e para todos os presentes, muito obrigado. [Na foto, os dois participantes compenetram-se da gravidade do momento, antes do início da sessão. A foto é de Raquel Gonçalves.]

Hoje ocorre a sessão 4, a concorrência é de peso mas o convidado vale a pena, pois José Maria Vieira Mendes é seguramente o maior dramaturgo da sua geração em Portugal (pelo menos).